Carney avisa que G7deve adaptar-se a "mudanças maciças" no mundo
- 16/06/2025
Na estância de montanha de Kananaskis, sudeste do Canadá, Carney recordou que o G7 começou há exatamente 50 anos com uma reunião em França para responder aos graves desafios políticos e económicos do momento, o que permitiu "um longo período de prosperidade".
"O mundo está agora mais dividido e mais perigoso. Os Estados hostis e os terroristas expandiram as suas capacidades e o seu alcance, ameaçando a segurança global. O comércio global, os sistemas energéticos e até a inteligência global estão a ser redesenhados", acrescentou.
Com Donald Trump à sua esquerda, o primeiro-ministro canadiano fez um aceno conciliador ao Presidente norte-americano, cuja política tarifária causou instabilidade no sistema comercial global.
"Devemos mudar com o tempo e construir um mundo melhor. Alguns de vós, como o senhor, Presidente, já anteciparam estas mudanças profundas e estão a tomar medidas ousadas", disse, dirigindo-se a Trump.
Mas Carney indicou ainda que "não pode haver segurança sem prosperidade económica" e, apesar das divisões entre os membros do G7, a cooperação em questões entre os sete países fará "uma enorme diferença" para o mundo.
Depois de ter sugerido que o Canadá se integrasse nos Estados Unidos, Donald Trump estreia-se neste segundo mandato nas cimeiras das sete economias mais avançadas com a presidência rotativa do G7 nas mãos do vizinho do norte.
Carney pretende evitar a todo o custo o que aconteceu na anterior cimeira do G7 organizada pelo Canadá, a de Charlevoix, em 2018, quando Trump abandonou a reunião antes de ela terminar, insultou o então primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau e ordenou que a assinatura dos Estados Unidos fosse retirada do comunicado conjunto final.
Os membros do G7 - Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá - reúnem-se anualmente para discutir questões económicas e geopolíticas mundiais.
Os líderes do grupo chagaram domingo ao Canadá para uma reunião num contexto de guerra alargada no Médio Oriente e com uma agenda que poderá incluir uma conversa a sós entre os presidentes norte-americano e ucraniano.
A reunião decorre quando Israel e Irão se atacam mutuamente, depois de uma primeira ofensiva israelita sobre instalações do programa nuclear iraniano, na madrugada de sexta-feira, e sucessivos ataques retaliatórios de Teerão com mísseis contra cidades em Israel.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vai participar como convidado e disse na quinta-feira que espera ter uma conversa com Trump à margem da cimeira.
Zelensky pretende convencer Trump a adotar novas sanções contra a Rússia, algo a que o líder norte-americano se tem mostrado até agora relutante.
Carney será também o anfitrião do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o que foi uma surpresa depois de Trudeau o ter responsabilizado, no final de 2023, pela morte de um líder independentista 'sikh' que vivia no Canadá.
Além de Zelensky, Cláudia Sheinbaum (México) e Modi, Carney convidou para Kananaskis Anthony Albanese (Austrália), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Lee Jae-myung (Coreia do Sul) e Cyril Ramaphosa (África do Sul).
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